Sketch, o que é certo ou errado?

Recebi um e-mail do João Luiz com dúvidas que eu também tive por muitos anos, e que depois de ter contato com alguns designers de montadoras acabei formulando algumas respostas "costurando" os fragmentos de informação que fui pegando aqui e ali. Sempre acho importante frisar que o que eu escrevo aqui não são regras e sim minha opinião pessoal a respeito do assunto em pauta, por isso incentivo o debate com todos vocês. Dessa forma a gente vai trocando experiências e chegando numa conclusão mais madura e melhor formulada, já que poucos aqui efetivamente tiveram experiência nessa área. Eu nunca trabalhei dentro de uma montadora, e na encarroçadora na qual eu trabalhava a "cultura" do design era muito diferente devido ao extremo consevadorismo do mercado de ônibus. Eu não tenho medo de dizer o que penso aqui porque se eu estiver equivocado certamente estarei aprendendo algo com as correções e contestações de vocês ou de profissionais mais experientes que eu. Essa é a filosofia do blog, mostre seu trabalho sem medo, mostre suas opiniões, pergunte o que você quer saber e aos poucos você vai adquirindo mais conhecimento com a troca de experiências com outros aqui.
Justamente pelas dificuldades em se encontrar essas informações que tivemos a iniciativa de fazer o BRoba, e fico realmente grato quando designers experientes dão suas caras aqui demonstrando interesse em nos ajudar. O Morita tem sido o maior exemplo, já disse que considero ele o padrinho do nosso blog devido a atenção que ele vem tendo com vocês.
Agora vamos voltar aos sketches. O João Luiz quer saber o que é certo ou errado na hora de avaliar um sketch, o que pode ser considerado como " licensa poética" do autor, como separar as coisas?
Certa vez fiz esse mesmo questionamento a um designer de montadora e recebi uma resposta simples que incorporei às minhas avaliações. Ele me disse que os sketches poderiam ser separados em sketch show e sketch de validação, não me lembro se era bem esse termo.
O Sketch show seriam os sketches mais exagerados, mais emocionais, com pespectivas quase escherianas ( em referência a Escher), valorizando algum aspecto ou detalhe para o qual você quer chamar a atenção. Normalmente você usa ele para impactar, passar a emoção, chamar a atenção colocando na primeira página de uma apresentação ou no topo do board. Não seria ideal para validar uma proposta do design porque talvez a distorção da pespectiva, a iluminação e o excesso dos reflexos atrapalhe na leitura e interpretação correta da proposta. Já os sketches de validação seriam aqueles mais comportados, com pespectiva e iluminação simples, mostrando o carro por inteiro com as proporções bem definidas, demonstrando preocupação com a viabilidade da proposta. Nesse caso seria importante não colocar rodas monstruosas , tetos socados ou usar Frog pespective. É a hora de vender teu peixe e ganhar o tema , e se o seu chefe não entender direito você tá ferrado porque você vai ter que fazer acontecer. É como você apresentar uma proposta de roda desenhada sobre um aro 16 e depois ter que fazer ela ter o mesmo feeling no aro 13, vai ter que fazer milagre! Atente para itens como tensão e inclinação da coluna A, tensão e proporção das janelas( DLO), distância entre-eixos(wheellbase), tensão dos gráficos, proporção dos elementos ( faróis, lanternas, logotipos), altura do farol em relação ao arco de roda, tamahanho das rodas, altura do carro em relação ao solo, tudo isso vai determinar o caráter do seu carro.
Outra questão importante na hora de avaliar, ou fazer o sketch, é entender para onde o autor quer chamar sua atenção. Muitas vezes o cara tá te vendendo o tema da grade dianteira e dos faróis, concentrando toda a iluminação e detalhamento do sketch nessa região para chamar sua atenção para idéia dele. Ai tá você tá lá perdendo tempo avaliando se o cara desenhou maçaneta na porta de trás, se ele desenhou parafuso nas rodas, ou então criticando porque na posição da iluminação que ele representou, a sombra do retrovisor teria que incidir sobre a lataria! Pro inferno com a sombra do retrovisor!
Ai que entra a tal da Gestalt, a qual o Nélson Lopes tanto fala. É imprescindível lembrar que em todo sketch deve existir uma intenção e isso também é determinante na hora de avaliar a qualidade. É legal um sketch ultra detalhado? Porra se é, mas não influencia a qualidade da proposta do design que tá sendo vendida ali. Um thumb ou doodle porco pode ter muito mais conteúdo do que um sketch mega photoshopado. É importante a galera por isso na cabeça. Todos vocês já devem ter ouvido a expressão: "menos é mais". Less is more galera, difícil é fazer o simples!
Esse é meu ponto de vista, agora quer conhecer a opinião de toda a galera!