Design de Motos - Laurão está de volta

Fala Galera!
Depois de um longo e tenebroso inverno, eu volto a minha função de colaborador do blog (quem sabe um dia eu viro oficialmente colunista, rsrsr) bom vamos ao que interessa:
Primeiro desculpas a todos, eu andei afastado das postagens sobre motos por que estava desenvolvendo projetos para alguns concursos, tão logo os resultados seja anunciados eu mostrarei aqui pra vocês o que eu andei aprontando e desculpas aos anonymous do bem, eu também sou “Brobólatra” aquele dia ouve mesmo um mal entendido da minha parte e eu exagerei um pouco, culpa da tensão próxima da data limite dos concursos que eu mencionei.
Eu também estive buscando, garimpando e desenvolvendo mais material pra compartilhar com vocês sobre as motos. Nisso eu tomei uma decisão que, acredito será de grande benefício tanto para o BRoba, e todos os seguidores, como pra mim mesmo profissional e pessoalmente, é o seguinte:
Deste Post em Diante, eu continuarei falando com vocês sobre o design de motos e sobre o projeto Kimmera, porém, eu não vou apenas falar do desenvolvimento do projeto, como TCC, mas sim continuá-lo, ou seja, conforme eu for evoluindo a(s) minha(s) moto(s) pesquisando e aprendendo mais sobre o assunto do design motociclístico (e suas ramificações) eu vou aplicando isso ao meu próprio design e compartilhando com vocês.
Se Deus quiser essa experiência será benéfica pra todos, já que aqui tem muita gente boa, tanto participando quanto olhando.
Bom chega de enrolar, no meu ultimo post (meses atrás) eu falei das proporções e categorias, hoje vamos falar de representação e um pouquinho sobre o que eu “descobri” sobre as identidades visuais de algumas marcas.
Ao longo do TCC eu fui fazendo as minhas descobertas e questionamentos sobre o maravilhoso mundo das 2 rodas, quem for aluno da UNESP e por acaso já tiver pegado meu TCC pra ler vai notar que tem muita coisa aqui que eu tirei na integra do relatório, e acrescentei mais umas coisas em cima.
Também vão perceber que eu vou apresentar os trópicos aqui no Blog numa ordem diferente da que esta no relatório, já que o relatório tinha uma ordem “burocrática” a ser seguida e aqui eu vou montar os posts numa outra linha de raciocínio, começando pela base (as proporções e categorias) e seguir pela “arquitetura” dos sketches das motos e sua estrutura, até chegar ao fim do projeto basicamente é isso.
As motos têm uma série de diferenças (umas obvias outras não) em relação aos carros, com relação a da estrutura podemos citar que enquanto os carros tem Overhang as motos tem Trail e Cáster, que são ângulos relativos à montagem dos quadros,e consequentemente a suspensão dianteira, o site http://www.construtoresdemotos.com tem um material bem interessante sobre o assunto , foi de lá que eu obtive as informações que vem a seguir, o texto é bem técnico mas as ilustrações ajudam bastante no entendimento:

Trail:

Cáster:
“Por definição o Caster é o ângulo formado entre o eixo de rotação da coluna de direção e a vertical.Os Valores de Cáster podem variar em uma faixa de 20 a 30 graus, em algumas fichas técnicas esse valores podem ser apresentados como o ângulo formado com a linha horizontal, variando numa faixa de 70 a 60 graus, ou seja, complementares a 90 graus em relação ao ângulo formado com a vertical.”

Complementar a essa esse dois ângulos ainda tem o Offset

“O Offset é a distancia linear entre o eixo da coluna de direção o os tubos da suspensão dianteira, é definido pelas dimensões das mesas que unem o garfo à coluna de direção. Quanto maior for a medida do OFfset maior será o Trail (e vice versa). No entanto um Offset nulo não significa um Trail igual a zero. Neste Caso (mais complicado) o Trail é a função do ângulo de Cáster e do diâmetro do pneu dianteiro.No caso da mesa superior e da inferior apresentarem diferentes offsets, o trail é a distancia entre eixos serão alterados,mantendo porém o ângulo de Cáster”.

Ta, dai vocês que estão lendo isso tudo se perguntam, “Eu preciso saber tudo isso? Decorar?”
Lógico que não! Mas é necessário que vocês entendam o conceito de como isto funciona, assim como o Overhang de um Smart é bem mais curto que o de um Maybach, o Cáster de uma Scooter é bem mais fechado que o de uma Chopper, entenderam?
Se vocês quiserem memorizar as medidas, boa sorte, eu acho muito mais valido entender a essência do que memorizar regras, na hora que for pra fazer a essência tem poder de burlar as regras, ou de interpretá-las de forma nova.
Segundo o Designer Britânico Glynn Kerr “o design de motocicletas não é (apenas) uma questão de linha, é fundamentalmente proporção” muito humildemente eu completo dizendo que os volume de pequenos componentes ditam o volume total no final, Nas motos não existe o mesmo body work que existe nos carros, no carro se trabalha ao longo de grandes superfícies, nas motos as superfícies são menores mas nem por isso menos trabalhosas.
Passada essa parte mais técnica de explicações é hora de botar a mão na massa e começar a baixar a carga da bic.
Quando se vai desenhar uma moto assim como no carro o ponto de partida é a side view, neste caso é até mais fundamental do que nos carros. As dimensões da moto que realmente são relevantes são comprimento e altura, não que a largura não tenha importância, mas tendo os carros como comparação, notamos que eles trazem toda a sua iconografia, como logomarcas por exemplo ao longo da largura, ao passo que as motos se “apresentam” quando estão de perfil, ou seja a identificação das motos é feito lateralmente, carros tanto podem ser identificados de forma lateral como frontal.
Imaginem diferenciar uma Suzuki YES, de uma Yamaha YBR em Front Views chapadas, isso soa obvio e realmente é, mas é necessário estudar as particularidades de cada produto (ou veículo) para sempre poder representá-lo da maneira mais correta possível.
Conforme dito pelo Profissional Leandro Trovati (com conhecimento de causa) aqui no blog :
“Na cultura do design de motocicletas estabelecido na Honda, cria-se as motos em SideView, respeitando um package. As vistas de 3/4 frontal e traseira são utilizadas em uma fase avançada do projeto, para mostrar os detalhes do visor e da rabeta. Também é criado um Emotional Sketch, que serve para representar o feeling da motocicleta e é utilizado para fins de divulgação do produto. Portanto, esse tipo de sketch requer muita prática e habilidade, para representar a moto de maneira fiel e detalhada.”
Depois de uma explicação tão simples e direta dessas nem precisava acrescentar mais nada né? Como o Leandro disse a base é a SideView e eu assino em baixo.O pouco que eu acho que posso acrescentar a partir dai é o seguinte:
Tendo a SideView como ponto de partida na hora de desenhar a moto da pra usar uma saída simples que, preserva a idéia da SideView e ajuda a dar um pouco mais de volume na moto;
Colocar um único ponto de fuga no horizonte e a partir dele gerar uma vista que continua a ser lateral mas que já tem um certo volume:
Isso funciona bem pra vários tipos de veiculo não só a moto, mas com elas parece que já da uma apresentação mais objetiva (como se fosse um 3/4 frontal bem feito pra um carro), pelo menos é a minha opinião.

Esse foi um ângulo que eu “descobri” enquanto desenvolvia o TCC, como vocês podem ver eu brinquei com a altura do ponto de fuga e com os shapes das motocas pra dar uma visão geral do que é possível fazer com as variações desse ângulo. Mantive o traço limpo sem render por que a minha idéia aqui é mesmo mostrar a estrutura desses sketches, mas já estou pensando em por uma cor neles. Nas imagens a seguir vocês podem ver alguns doodles e sketches com dois pontos, basicamente a moto funciona muito bem com perspectivas de um e de dois pontos de fuga.

Um ponto em que eu sinto particular dificuldade é em fazer o Guidão com um único ponto de fuga, não sei bem, mas parece que mesmo que eu siga a linha de varredura ainda assim ele fica errado, às vezes é só preocupação minha. Nos doodles ai a cima deu pra ver que eu até arrisquei fazer 2 motos partindo do mesmo ponto de fuga, ainda vou fazer isso...
Com dois pontos já da pra arriscar um 3/4 melhor, e, como muito bem feito pelo nosso amigo Mazzzini e Retocado pelo professor Leandro eu trago ele como exemplo de um 3/4 de moto muito bom , no qual eu dei uma leve pimpada só pra realçar mais a moto e o volume dela, seguindo as dicas do Leandro, interpretando e respeitando o shape que eu deduzo ser o que o Tiago queria mostrar.

Eu diminui e rabeta e dei mais contraste no PS com as ferramentas Burn e Dodge, e coloquei uma corzinha no numero, na bolha do pára-brisa e nos pneus, na imagem abaixo eu coloquei o mesmo esquema de ponto de fuga que o Leandro e tentei adicionar o segundo pra vocês verem, mas acho que num ficou tço bom quanto eu espera, e nessa hora pesso a ajuda de vocês ( já que eu também to aprendendo) que quiseer corrigir essa imagem a seguir fique a vontade

Uma ótima referencia que vocês podem encontrar na net são os sketches da marca Britânica Mac Motorcycles, feitos pelo estúdio Xenophia Design. Eles seguem essa mesma arquitetura e de um e/ou dois pontos de fuga, mas predominam com apenas um em destaque equnto o outro ponto fica “escondido” vejam só:

Notem que, como os desenhos já tem as linhas de varredura eu não as destaquei como fiz nos meus, eu apenas indiquei as direções nas quase elas convergem. Esses desenhos são super objetos e mostram motos muito limpas acha que junto do sketch do Mazzini eles formam uma bela galeria de exemplos.
Eu tomei a liberdade de colocar nos exemplos da Mac as setas mostrando par onde as linhas convergem assim fica mais fácil de enxergar o caminho do ponto de fuga, e entender a arquitetura desses sketches.
Bem com relação a perspectiva é isso, conforme eu for garimpando mais informações eu trago pra vocês, mas eu acredito que isso ai é o feijão com arroz, agora cada vai acrescentando o próprio tempero.
Eu já estou preparando um post que é a seqüência deste aqui e que eu só vou colocar separado pra não deixar muito extenso e cabara ocupado o blog todo.
Galera por hora é só, mas logo logo, ( dessa vez é logo mesmo) eu volto com mais
Que a Broba Esteja com Vocês
Bons Sketches pra todos
Abraço