quarta-feira, outubro 15

MODELANDO EM CLAY O ENVIRON - Parte 2

Olá pessoal, espero que a ultima postagem tenha sido interessante pra todos...

Seria bom re-ler o ultimo post deste assunto p antenar as idéias, já que passou um bom tempinho... (prometo não demorar a postar o próximo) .

Dando continuidade...

Trabalhar em uma oficina exige experiência para saber usar da melhor forma as ferramentas e o espaço. Trabalhar em casa exige negociação com sua mãe, cuidados com a empregada doméstica, com o gatinho vira lata... e jogo de cintura p criar ferramentas.

Então vai uma dica p trabalhar com o clay em casa...

(Acho legal quem quiser saber a fundo tudo sobre clay, pesquisar por ai ou perguntar a quem manja muito... meu conhecimento é bem básico, dá p se virar rrsrs!)

De maneira muito vulgar posso dizer que o clay tem propriedades que lhe permitem nunca endurecer definitivamente. Ele varia conforme a temperatura. Quando quente ele fica quase pastoso, e quando mais frio mais duro. Por isso é preciso ter um forno de clay, mas eu não tinha.

O que fiz foi improvisar geral!

Usei um balde de metal para colocar clay e uma bacia também de metal com água para deixar o balde dentro em “banho maria”. Depois coloquei esse ” sistema “ sobre um fogão. Assim a água controlava a temperatura para segurar o clay quente de maneira mais uniforme e não deixava ele atingir temperaturas muito altas. Com isso não cheirava muito também. Não fiz um forninho com lâmpadas por que em experiências passadas as partes do clay que ficavam perto da lâmpada derretiam e liberavam muitos gases e mau cheiro, e as partes mais distantes da lâmpada ficavam frias. Como eu não tinha um termostato para desligar as lâmpadas sozinho e costumava esquecer da vida e do tempo quando modelava, fatalmente o clay ia torrar . Aliás se o clay chegar a uma temperatura muito alta ele estraga, surge um material cristalizado de cor amarelada que contamina o restante.

Com um balde de metal, a água morninha já segurava o clay numa temperatura boa para trabalhar por muito tempo a noite, e durante o dia era só deixá-lo no sol que o clay permanecia quente e molinho.




Voltando ao modelo.

Depois foi preciso riscar a linha zero no bloco de clay começar a esculpir. Um macete é fazer primeiro apenas metade, escolha um lado e esqueça o outro. Isso ajuda a concentrar a atenção na superfície, nas linhas de caráter, nas proporções do conjunto de elementos e tudo o que tem a ver com seu conceito. Simetria é pura técnica e vai acontecer mais tarde, nessa fase acredito que o importante é se envolver com as formas, fazer experiências e não se limitar com técnica. Pelo menos foi assim que eu fiz, talvez seja pessoal.




Detalhe, eu já deixava a bacia numa cadeira em baixo da base para recolher o clay raspado para não deixar ele cair no chão. Assim eu evitava fazer muita sujeira em casa e também contaminar e perder o clay.


Eu usei dois esquadros na linha zero com um barbante preso e risquei o modelo p começar a retirar o clay. Com uma chapelona da linha zero eu conferia até saber que tinha tirado o suficiente.
As chapelonas podem ser feitas em papel paraná se forem pequenas, más se forem muito grandes é legal fazer em placas de poliestireno, que quebram sem problemas com um simples traçado de estilete, mesmo em curvas.

Nessa etapa mais “grossa” em que é preciso retirar muito clay eu usei espátulas e até uma faca, só depois é que comecei a fazer minhas estecas e chapinhas para poder raspar o clay com mais controle. Acabei fazendo minhas ferramentas com arame de aço e canetas, agulhas de trico...

As chapas para raspar o clay foram feitas com um material bem limitado, porém quebrou o galho. Eu usei chapa de zinco, essas de fazer calhas em telhados. Ela é fácil de cortar com uma tesoura, o problema é que se você força-la a curvar-se um pouco, dependendo da sua força ela não volta mais a ficar reta. Isso prejudica a ação. O ideal seria uma chapinha bem plana que curvasse com uma pressão dos dedos e voltasse ao normal se você cessar a pressão. Não li isso em nenhum livro, foi experiência própria.

Infra-estrutura...
Eu tive sorte de ter uma mesa bem grande para montar minha oficina, e ao fundo uma escrivaninha servia para eu deixar os sketches passando na tela do computador em modo slide



As vezes eu deixava aberta a imagem do sketch que tinha algo que eu precisava representar, então eu olhava para o modelo e para a tela... e ia raspando, voltando clay.. rapando de novo.

Isso porque eu não tinha onde imprimir os sketches tratados no photoshop.

Tinha até uma luminária que me ajudava a enxergar imperfeições na superfície.
Depois da linha zero mais ou menos traçada, com uma chapelona baseada no desenho técnico, eu localizei o que seria o DLO e o estribo lateral ainda sem precisão.



Então comecei a desconfiar que aqueles primeiros elementos não estavam resultando numa coisa legal. Fiz até um esboço da roda que ficaria embutida no shape para ter mais um parâmetro.





Como o formato era côncavo, eu fiz um tipo de um compasso com o perfil que eu queria, ai fiu raspando o clay girando a chapinha no eixo. Isso foi até pra eu tirar uma pulga de trás da orelha. Alguém que havia visto o sketch tinha me dito que aquela roda embutida no shape, da maneira como eu expliquei pra essa pessoa, não seria possível. Por isso nada melhor do que o modelo pra brincar e fazer acontecer a coisa. Aí ninguém pode mais me dizer aquela célebre frase “ ... aaa, mas o papel aceita tudo... “, pode ser, mas o clay não aceita tudo.

Feito isso, eu já tinha alguns parâmetros para analisar o primeiro esboço geral do shape do meu concept. Foi então que percebi um problema grave... não gostei do que vi, aquilo não tinha o "tesão" dos sketches... e já tinham se passado dois dias.

No próximo post eu explico o que houve.

Até...
Fábio F. Garcia